27 de nov. de 2016

COMEMORAR GOL TIRANDO A CAMISA: PODERIA SER DIFERENTE?

Já tratei deste assunto (http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2014/09/por-que-e-proibido-tirar-camisa-por-que.html). Mas volto a ele, por causa de fatos recentes.
Ontem, no jogo Vasco X Ceará, pela série B do brasileirão, Thalles, logo após marcar o segundo gol, que virava o jogo e praticamente colocava seu time na série A, correu para a linha de fundo, tirando a camisa na comemoração. É claro que recebeu o cartão amarelo. Mais marcante foi o que ocorreu com Pedro Rocha, do Grêmio, no jogo contra o Atlético Mineiro, pela Copa do Brasil, na última quarta feira: entusiasmado com seu segundo gol, também segundo do Grêmio, comemorou tirando a camisa. Amarelado. No segundo tempo, fez uma falta que mereceu o segundo amarelo. Resultado: fora de jogo e do próximo.
Ainda me intriga por que os jogadores insistem em transgredir a regra (que sigo achando sem motivo), já sabendo que irão ver o amarelo e - pior - sabendo do risco de outras conseqüências mais graves possíveis. Penso que deveriam evitar. Penso que não será a transgressão reiterada que irá acabar com a proibição.
Acho nada demais tirar a camisa em campo, temporariamente, como escrevi antes.
Acho que a comemoração é uma instituição no futebol: momento de alegria, de algum possível pequeno acento emocional... Penso que há muito mais - e mais importante - do que coibir em campo do que o alegre tirar e rodar a camisa sobre a cabeça.
Teria ficado neste achismo meu, se não tivesse conversado com minha mulher, que me puxou a orelha e disse para eu consultar o motivo da proibição. Pensava que era apenas para que o jogador não ficasse momentaneamente sem uniforme completo. Segui a orientação da esposa e encontrei ("Cartão amarelo por comemoração de gol: árbitro tem que se enquadrar à competição" - Sílvio Spínola, ESPN, http://espn.uol.com.br/post/503007_cartao-amarelo-por-comemoracao-de-gol-arbitro-tem-que-se-enquadrar-a-competicao): a regra manda "punir o excesso". Mas deixa a questão sujeita à subjetividade. Por exemplo: segundo a notícia citada, a FIFA admite a comemoração com a torcida, em escada de acesso à arquibancada, onde há; a CBF orientou o contrário; no futebol carioca, a comissão de arbitragem da Ferj diz que pode.
Como a regra é absolutamente subjetiva, nada a respeito de tirar a camisa. Mas o Sílvio Spínola diz que "expressar a emoção em fazer o gol com coreografias é permitido, o árbitro deve punir caso seja excessivo, tenha perda de tempo ou a comemoração seja desrespeitosa com o adversário ou a torcida". Então, como diria o general, vamos raciocinar: o que é desrespeitoso com o adversário? No voleibol (sempre as comparações feitas em em http://cadikimdicadacoisa.blogspot.com.br/2012/03/futebol-e-voleibol-por-que-as.html ,a respeito de outros tipos), os jogadores não podem comemorar a conquista de um ponto voltados para o adversário. Acho que tirar a camisa não ofende qualquer adversário, já que atletas de diversos clubes fazem isto e, portanto, não se poderão sentir ofendidos. E, afinal, o tirar a camisa e rodá-la sobre a cabeça é uma coreografia. O que vi, em futebol, certa feita, em um jogo São Paulo x Santos, 2002, Diego, então no Santos, foi comemorar um gol pisando no escudo do São Paulo. Fábio Simplício, do São Paulo ficou revoltado e tentou agredir Diego (LANCE! - http://www.lance.com.br/sao-paulo/defensor-escudo-diz-duvido-diego-fazer-aquilo-novo.html). Foi, realmente, um ato de desrespeito tanto aos adversários quanto à torcida, quanto à própria história do São Paulo, com a marca do clube pintada no seu estádio.
E perda de tempo? O que atletas embromam para engordar tempo não é bolinho. No entanto, a maior freqüência de punições é quando os goleiros demoram a devolver a bola. Para outras embromações, o árbitro nem liga.
Agora,... tirar a camisa?...
Penso, todavia, que, para tentar acabar com a proibição, as ações devem partir dos dirigentes, de modo inteligente (quem sabe todos os jogadores de uma equipe, em treino, tirarem as camisas, comemorando, quando for marcado um gol, e os dirigentes filmarem e postarem no youtube, mostrando que em nada altera as condutas esportivas dos jogadores). Concomitantemente, promoverem um movimento coletivo e consistente, junto às federações e CBF e até à FIFA (informando o link dessa ação), e mesmo pela mídia aberta, para indicar que as censuras devem dirigir-se à violência, ao anti-jogo, às embromações, às pressões que bandos de jogadores juntos exercem sobre juízes e auxiliares, peitando-os em grupo, ostensivamente...
Acho que tem muito que pode ser feito, a favor da alegria descontraída e respeitosa no futebol. O que mencionei são apenas ideias. Outras melhores serão encontradas, certamente.

Imagem: GOAL.
http://www.goal.com/br/news/228/copa-do-brasil/2016/11/24/29842292/pedro-rocha-celebra-gols-e-grande-atua%C3%A7%C3%A3o-mas-lamenta-vermelho-e-




17 de nov. de 2016

"...É UM ATENTADO CONTRA A DEMOCRACIA!"

Momento em que o grupo tomou o entorno da mesa de onde os membros da Mesa Diretora comandam os trabalhos"Isto não é uma manifestação! É um atentado à Democracia!".
Acordei ouvindo esta expressão. Era a Deputada Federal Jô Moraes. Referia-se à forma pela qual integrantes de um movimento invadiram o plenário da Câmara dos Deputados, condenando veemente, e recomendando punição - quase exigindo.  Ação que foi reprimida, com prisões e estimativas de que alguns dos manifestantes poderão ser enquadrados na quase esquecida Lei de Segurança Nacional.
No mesmo instante em que ouvi a repulsa da parlamentar a uma manifestação abusiva, o noticiário passou a abordar a "Operação Calicut" (ou Calicute), deflagrada pela Polícia Federal, para cumprir ordens judiciais de prisões preventivas, de prisões temporárias e de conduções coercitivas, envolvendo, entre outros, Sérgio Cabral, o ex-Governador do Rio de Janeiro, ele agraciado com dois mandados de preventiva, um de Curitiba outro do Rio de Janeiro. A notícia é de superfaturamento e propinas em obras no Rio de Janeiro, inclusive na obra de reforma do Maracanã. Da ordem de mais de cento e vinte milhões. Com uma peça quase folclórica, de dação, como presente, de um anel com valor de cerca de oitocentos mil reais e posterior devolução pelo marido da presenteada, depois que o doador se viu envolvido em denúncias.
O que eu gostaria, mesmo, era de ver a mesma repulsa de parlamentares, com a mesma veemência, a tantos outros atentados à Democracia, ora em evidência nacional, em face de investigações que já extrapolam a 13ª Vara Federal de Curitiba, à qual se acopla, na Operação Calicut, a 7ª Vara Federal do Rio de janeiro.
Gostaria, mesmo, de ver é a mesma repulsa desses parlamentares à indecorosa proposta de anistia a quem tiver praticado "caixa 2". Anistia que insistem em colocar em um projeto, mesmo sem saber a quem exatamente se dirige esse perdão preventivo. É perdoar antes do pecado, antes que se saiba quem são os pecadores.
Imaginarão esses políticos uma sociedade composta exclusivamente por carneiros? Do mesmo jeito que muitos - mas muitos políticos, mesmo - exorbitam em suas ações, de modo criminoso, será prudente imaginar que alguma parcela da sociedade poderá fazer o mesmo, de forma diversa. Não será a primeira vez. Nem é o caso de aprovar, ou e estimular a violência. Apenas, comparativamente, é estimar que esses políticos estão praticando a mesma violência (violência branca porque usam a força dos cargos) contra as instituições. Em flagrante subversão da ordem pública (já que se fala em Lei de Segurança Nacional, como se só interessassem à segurança os atos de violência explícita), posto que usam a força de um poder que ao Povo pertence ("todo poder emana do povo ..." - Constituição Federal, art. 1º, Parágrafo único), ou seja, avocam um poder que apenas representam para se auto perdoarem. Querem porque querem a tal "anistia do caixa 2". Verdadeiro ato de lesa-majestade (Majestade é o Povo).
Se acredito que esses muitos políticos que se diz estarem mencionados em delações tenham algum grau de culpa? Claro que acredito! E, para crer, não me preciso reportar ao noticiário da imprensa, prisões, devoluções de valores, confissões premiadas, leniência... Basta-me, para crer, o denodo com que os políticos lançam-se a promover o perdão dos envolvidos em "caixa 2". Não houvesse culpados, nem estariam falando nisto.
Aproveito para fazer um paralelo entre esses políticos que praticaram atentados contra a Democracia, mediante ações de corrupção e coisas que tais, e os cidadãos que, em face de suas posições políticas, eram acusados de atentados contra a Democracia e procurados para serem presos, durante o período de ditadura, com ênfase na fase do movimento de 64: esses tinham de esconder-se atrás de um codinome, disfarces (até cirurgia plástica), mudar de residência com afastamento da família, mudar de atividade, mudar de país... Os primeiros - que detêm cargos ou são a eles ligados por laços políticos - escondem-se atrás de uma lei de anistia, que eles mesmos pretendem aprovar.
É o próprio resgate da frase lançada por Samuel Johnson (Inglaterra, Séc. XVIII), motivada pelo fato de que o partido "Os Patriotas", no qual apostara suas preferências políticas, estava sendo minado pela presença de oportunistas em suas fileiras, cada vez em maior número :


"O patriotismo é o último refúgio dos canalhas."

Pois não é que, em geral, os políticos alardeiam que tudo fazem pela Pátria. Isto é que é auto-ajuda!

Imagem: ÚLTIMO SEGUNDO.
http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2016-11-16/camara-deputados-plenario-manifestacao.html

13 de nov. de 2016

11 de nov. de 2016

RESPEITO ÀS INSTITUIÇÕES

Princípios Constitucionais do  GesPública   Ser Público Moralidade Publicidade Impessoalidade Eficiência Legalidade



Há poucos dias, ouvi do Presidente Temer, pela TV, que precisamos aprender no país a respeitar as instituições. O discurso envolvia críticas pelas ocupações de escolas e manifestações de rua. Encontrei, em mais de um lugar na rede, entre aspas, a fala do Presidente, que reproduzo como me foi dada (foi bem o que ouvi, pela TV):

"Precisamos aprender no país a respeitar as instituições. O que menos se faz hoje é respeitar as instituições, e isso cria problemas. O direito existe para regular as relações sociais. Hoje, ao invés do argumento intelectual, verbal, usa-se o argumento físico. A pessoa vai e ocupa não sei o quê, põe pneu velho, é o argumento físico"... .

Como diria o inesquecível, para mim, Stanislaw Ponte Preta, nascido Sérgio Porto, "prenhe de razão" o Presidente. Resta-me ter certeza de a quem se dirigia Sua Excelência. Afinal, o que não faltam, no país, são as instituições. E, pelo andar da carruagem, estão sendo vilipendiadas nos mais diversos patamares da sociedade brasileira. Vamos lá:
Moralidade, sendo um princípio constitucional (Art. 37), é uma instituição? No entanto, deparamos com pessoas mencionadas na Lava Jato exercendo cargos no governo, sob o argumento de que não foram acusadas, mas "apenas" investigadas.
Eficiência, também um princípio constitucional, é uma instituição? Pelos resultados, só pode ter havido ineficiência na administração pública, nos últimos anos. Desrespeito à instituição? Poderá essa ineficiência que foi tão insistentemente atribuída à ex-Presidente Dilma, deixar à margem quem foi Vice-Presidente durante quase dois mandatos completos. Se não aceitava o papel de "vice decorativo" - como colocou na famosa carta à ex-Presidente - ou se desdecorava ou abria o conflito, naquilo que entendesse fugir das raias da legalidade e da moralidade. Não pode ter passado quase oito anos com o governo, e, agora, dizer que nada tem a ver com o que foi feito. Se silenciou, contribuiu para os insucessos. Isto passa na prova de moralidade?
Saindo da figura do Presidente - que poderia ter dirigido a si próprio o discurso da aprendizagem do respeito às instituições, iremos verificar que, há deputados e senadores ansiosos por uma anistia imoral, incompatível com a moralidade constitucional da administração pública.
Este escrito não é um "Fora Temer" nem quem quer que seja.
O objetivo é recomendar cuidado com as palavras - que se diz serem muito conhecidas e manejadas pelo Presidente - porque, depois de pronunciadas, podem servir a um leque muito extenso de interpretações.
Afinal, neste barco, não há muita gente que possa gabar de respeitar as instituições. Nem precisa falar de Lava Jato.
E mais: ainda prenhe de razão o Presidente:
"O direito existe para regular as relações sociais".
A propósito, como andam nossas relações sociais?

Ges pública 2011.
http://pt.slideshare.net/christianrosa/ges-publica-2011



10 de nov. de 2016

NOS "BARAIADOS" DA VIDA...


                      Hoje, pela manhã, caminhando pela rua, 
deparei, à minha frente, com uma mulher que andava em minha direção. Falava ao celular, usando fones de ouvido, fios brancos, bem explícitos. Quando ia passar por mim, observei que, com as mãos desocupadas, manipulava um baralho. Ostensivamente, baralhava as cartas, enquanto falava.
Fiquei curioso. Será que andava preocupada com a situação do Brasil, com a falta de dinheiro e, enquanto andava, punha cartas para o Brasil, para tentar ver o bicho que iria dar? Inútil, pensei. Nem com o melhor baralho dá para antecipar o que está para acontecer no Brasil. Pode dar de tudo.
Ah! Então, enfrentando dificuldades financeiras, tem de fazer tempo integral, e oferecer seus serviços de cartomante, pelo celular, aproveitando até o tempo que gasta caminhando. Afinal, pelo menos uma coisa ela poderia ter previsto: a tecnologia favorece as comunicações em tempo real e integral e sempre há alguém sequioso de predições. Em termos de previsões, todos somos clientes potenciais.
É! Só podia ser isso. A nossa transeunte devia estar pondo cartas para alguém.
Daí para pensar no que o suposto cliente, ou a suposta cliente pretendia saber: amor desfeito, amor que volta, prêmio na loteria... até emprego, que não anda solto por aí...
Caí na real: pode parar, cara! Assim também é demais, pô!

Imagem: Crase sem Crise.

9 de nov. de 2016

ROMERO JUCÁ - O ROLHA



Não me canso de admirar as possibilidades 
quase mágicas de alguns políticos. Ontem, pela TV, vi o
Romero Jucá - ora líder do Governo no Senado - dizendo que a oposição, antigo governo, está reclamando, mas havia estragado o Brasil e que "nós estamos consertando".

Assustei-me: não era o mesmo Romero Jucá que foi líder no Governo Lula e, até 2012, no Governo Dilma? Obviamente, não deverá ter participado do "estrago". Deixou de ser líder, ficou em outra e, agora, aceitou o status de líder do governo Temer no Senado, para salvar o Brasil.
Fui pesquisar a trajetória do homem. Aparece na Presidência da Funai (1986 - 1988), no governo João Batista Figueiredo (ditadura), conforme a Wikipédia e outras fontes. Passo a falar, então, só do passado recente, de um político que conseguiu dar-se bem com vários Presidentes da República, de partidos diferentes. Ele mesmo terá percorrido vários partidos - PSDB, PDS, PFL, PPR E PMDB. Detalhes poderão ser vistos em várias fontes, na rede.
No governo Lula foi Ministro. No governo Temer foi Ministro por pouco tempo, tendo-se afastado para que uma conversa gravada não desse origem a interpretações malévolas. Foi líder no Senado nos governos FHC, Lula e Dilma.
Só uma pessoa com um currículo assim pode deixar um governo e, no seguinte, afirmar que está salvando o Brasil das bobagens feitas pelo governo anterior, a que serviu, também. É demais para mim!
Por que ROLHA, então?
Tome-se uma rolha de cortiça, de tamanho médio. Lance-se-a em um vaso sanitário e dê-se a descarga. O movimento revolto da água todo mundo conhece (quer dizer: quem tem saneamento básico adequado). Pois não é que, no momento em que cessa o movimento revolto da água, a rolha boia.
Fica sempre por cima.

Imagem: IMPÉRIO DAS ESSÊNCIAS.
https://www.imperiodasessencias.com.br/rolha-tampa-5,0x4,5x2,0-un-p606562