24 de jul. de 2016

A IMPREVIDÊNCIA SOCIAL

PrintViver muito, e em estado saudável (incluindo uma capacidade razoável de entender o universo), nem sempre trás só vantagens. Algumas coisas - e o retrocesso ou a falta de avanço - deixam a gente estupefata.
Há mais de sessenta anos, quando um PM, em Minas Gerais, completava o tempo total de serviço (sem as contagens de férias, etc.), precisava requerer sua transferência para a reserva ou sua reforma.
Há mais de cinquenta anos, os procedimentos foram mudados, para colocar na reserva quem já deveria estar lá: quando o PM completava o tempo integral (sem as contagens possíveis, porque não requereu), a própria Corporação contava o tempo de serviço do PM e - de ofício, ou seja, sem que ele requeresse - transferia-o para a reserva. Era a "compulsória". Findou o tempo, a transferência para a inatividade era feita por iniciativa da organização, rapidamente.
Hoje, pela manhã, ligado na TV, ouço que as pessoas precisam agendar data para apresentar documentação para buscar aposentadoria. Agendar só! A apresentadora informou (e mostrou) haver tentado agendar uma data (telefonema que gravou). Em várias capitais, não é possível o agendamento nem para o próximo ano. Alguns lugares, só em seis meses, pelo menos. Nem o simples agendamento!
Ora direis: mas o pessoal está em greve e é esta a causa das dificuldades para agendamento.
Penso que deveria ser possível o trabalhador ir apresentando comprovantes de todas as circunstâncias que tivessem impacto em seu tempo de aposentadoria. Quando chegasse a hora, o INSS já saberia (informática está aí para isto, uai) e era só iniciar o pagamento da aposentadoria e mandar uma cartinha de agradecimento ao trabalhador aposentando.
Mas não! A atividade, ainda que informatizada, não tem a necessária celeridade. Vai em passo de tartaruga.
Corte: ou a apresentadora está falando a verdade ou tem de vir alguém, muito depressa, para provar que o INSS está atendendo convenientemente os cidadãos que, nos discursos políticos "são a sustentação da economia do país e verdadeiros motores de nosso desenvolvimento" (ou similar).
Voltando: Estou certo de que a proposta de Reforma da Previdência virá antes que muitas pessoas com direito a aposentadoria consigam pelo menos o tal agendamento. Não se iludam: as prerrogativas dos trabalhadores irão ser reduzidas, sim. E, para isto, os governantes têm muita pressa e são céleres.
Carona: não é o tema principal desta manifestação. Mas, se é líquido e certo que a Previdência Social tem sofrido com corrupção e outros tipos de irregularidade, com milhões rolando em cada caso (não se informa o total geral); dizem os governantes que só estancar as sangrias da previdência não bastam a promover o equilíbrio (apesar do envolvimento de muita grana); é público e notório que é muito difícil e deficiente o atendimento geral pelo sistema previdenciário. Deduzo que o povo - as tais manifestações - deveriam exigir dos governos que só cuidem de reduzir prerrogativas depois que tenham colocado a Previdência Social nos eixos. Fora disto, é tungar o povo.
Ou o povo decide envolver-se em reclamações justas (seguir o caminho correto) ou decide seguir com incapacidade e má gestão, buscando ser feliz assim mesmo. Ou, por falta de opção, infeliz.

Imagem: CULTURAMIX.COM
http://www.culturamix.com/cultura/curiosidades/aposentadoria-no-brasil-previdencia-social-e-privada/

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