6 de mar. de 2016

O POETA WANDER PORTO DÁ O AR DE SUA GRAÇA



LEGADO, POR DIREITO



A noite pagã
É fêmea parda,
De boca aleijã
E acre saliva,
De sede terçã,
E leoparda gula:

Impessoal e vasta,
Devassa,
Devasta,
Com olhos de faca
E desejos de casta,
A minha alma nua
De carnes rudes
E perene cio;

E,
filhadaputamente,
Lega-me,
Espólio do instante,
Uma gleba de vazio.

Wander Porto
Arte: WP.





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