17 de mai. de 2015

CRITÉRIOS DE SUPERLATIVAÇÃO: EMBIRRO MESMO, UAI!

Tio Sam 07
Tio Sam
Por que temos de submeter nossa comunicação à linguagem do Tio Sam? É mais culto? É mais inteligente? É mais sábio? É mais importante? É mais simples?
Por quê é que temos de classificar um filme como cult e não como "culto"? Por que diabos temos de classificar o mais alto grau de top e não de "topo"? Por que é que, em um país cuja língua oficial é o português, temos de nos referir a "o máximo" como the must (2) (mosto)? Porque "mosto" significa "sumo de uvas antes de terminada a fermentação"? Poderia até parecer lógico, já que não seria nada prático, nem de bom tom, dizer, por exemplo" que Fernanda Montenegro é o "suco de uvas antes de terminada a fermentação". Ninguém iria entender coisa alguma. Mas, diabos! Será que a língua portuguesa não terá uma única palavra, ou locução curta (já nos referimos, acima, a "o máximo") para expressar a mesma coisa? Se tiver, seria de bom tom que pelo menos a ala leitora brasileira conhecesse, para não ser taxada de ignorante, ou, então, de mais versada na linguagem do Tio Sam. Se não tiver, teremos de reduzir ao absurdo o raciocínio, e concluir que a língua portuguesa é muito pobre. Poderia alguém até imaginar que seja menos rica do que a do Tio Sam (o que não é verdade), posto que tudo na terra do Tio Sam é muito mais rico do que no nosso pobre Brasil. Afinal, a imagem do Tio Sam é a de um senhor imponente, vestido com as cores dos EEUU, com cartola e estrelas na cartola, uai! Deve ser o tal the must! (ou the most, sei lá).
Ontem, o uso de uma expressão estadunidense, na TV, atingiu o auge da minha indignação com o muito frequente uso da língua inglesa para expressar nossas ideias e conhecimentos: assistindo ao programa "Fatos e Versões", ouvi de Cristiana Lobo que o Juiz Sérgio Moro caiu no goto(1) de grande parte da população brasileira (é claro que não consegue unanimidade, uai!). Vai daí que passa a ser homenageado com aplausos e vivas, nos lugares públicos por onde passa.
Cristiana Lobo disse, então, que o tratamento é o "de celebridade". E arrematou:
- Agora, Sérgio moro é celebrity! (tendo assinalado pronúncia: "cilebrity").
Será que a referência irá envaidecer mais o Juiz Sérgio Moro? Será que ser celebrity é mais importante do que ser "celebridade"?
Eu "cá consigo", penso que o Juiz Sérgio Moro tem muito mais por quê se envaidecer do que por ser simples celebrity.

Foto: Nei Nordin - Prof. de História, in "A história do Tio Sam".
http://neinordin.com.br/a-historia-do-tio-sam/

PS:

1. Escrevi "caiu no goto de", para evitar into the good graces of (é claro que fui ao tradutor). "Cair no goto" significa "cair nas boas graças". Mas há expressões mais corriqueiras que significam a mesma coisa. A mais carinhosa que conheço é "cair no colo da massa".

2. Minha ignorância da língua do Tio Sam levou-me a pesquisar the must, que significa "o mosto". Minha mulher, que é versada, corrigiu-me para the most, que significa "o mais". Mas eu não queria perder o chiste com a fama da Fernanda Montenegro. Por isto, mantive o texto. Mas, se formos apelar para a simplicidade, também temos a expressão "o mais". Não precisamos da ajuda do Tio Sam, para nos expressarmos. E temos uma até mais simples: por exemplo: Sérgio Moro é o Juiz!

3. O não postar imagem do Juiz Sérgio Moro justifica-se pelo fato de que ele tem nenhuma culpa disso tudo isso aí. Só foi citado.





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