11 de abr. de 2015

É PRECISO TRATAR COM SERIEDADE AS COISAS SÉRIAS, PARA NÃO PERDER O FOCO.

Hoje, acordei tarde. E político (será que é por ter acordado tarde?).
Não gostei de terem soltado roedores (a intenção está em ratos) na Câmara dos Deputados, por ocasião da oitiva do Tesoureiro (tá bem: Secretário de Finanças e Planejamento, como insistiu) do PT, o sr. João Vaccari Neto. Consequentemente, não me agradam as piadas que enchem os quadros do facebook. Como não gostei da maneira com que alguns o interpelaram, principalmente o Deputado Delegado Waldyr.
Se estou aprovando o PT e o Tesoureiro?
Nem aprovando, nem desaprovando. É esta a questão.
Entendo que, se não se trata com rigorosa seriedade coisa tão séria como é a situação vigente no Brasil, não se estabelece um caminho sério para a solução dos problemas. Que ou existem os tais problemas ou devolver dinheiro é um disparate, ou pessoas do próprio governo, que admitem existirem estão enganadas. Estamos andando ao sabor das paixões e das disputas políticas, e usando a ironia como argumentos de discussão. Tanto a paixão quanto a ironia afastam o foco do principal, que é a certeza - não a "certeza" que muitos estão estão alardeando.
Sim! Precisamos estar certos de todas as circunstâncias que envolvem os escândalos - que por enquanto, não passam de escândalos. A apuração dos fatos tem de ser rigorosa. Para ser rigorosa, nada de piadinhas, nem de arroubos investigativos que já deveriam ter sido proscritos.
Os "ratos" e as piadinhas sobre não passam de piadinhas. Podem até ser engraçadas mas só trazem vantagens aos "humoristas", que vivem de desgraças (embora admire a inteligência de muitos, entendo que trabalham sobre defeitos e desgraças alheias). Nenhuma vantagem para as investigações.
Passemos ao Deputado Delegado Waldyr. Desagrada-me a simples denominação de "Delegado", acrescida à de Deputado. Sei que tem o direito de usar o título que lhe pertence, em qualquer circunstância. Mas esse uso passa-me duas conjecturas: a uma, precisa usar o título para que a classe profissional a que pertence receba a mensagem de que a defende, sendo que isto tanto pode ser verdade (não sendo necessária a denominação "Delegado") como não (de nada adiantando a mesma denominação); a duas, não concordo com a forma agressiva com que o referido deputado dirigiu-se a João Vaccari, nem com as invectivas que lhe lançou, dizendo-o "o maior corrupto e ladrão da história do país" e perguntando-lhe se "...vai trabalhar no presídio dando aula de como roubar", "onde os tesoureiros do PT fazem cursinho para aprender a roubar o dinheiro do povo brasileiro", e "quem irá cuidar das suas filhas quando estiver preso?".
Nem uma dessas afirmações e perguntas trará qualquer luz às investigações. Para mim, fica obscura a intenção do inquisidor. O Deputado Delegado Waldyr alinhou sua intervenção na CPI às de alguns delegados - só delegados - que intervêm em interrogatórios de cidadãos comuns.
Ora direis: mas o João Vaccari é um cidadão comum. Penso que quem argumenta assim acha que um cidadão comum possa ser maltratado em uma Delegacia de Polícia, tanto quanto em uma CPI. Não compartilho com esse pensamento e não admito que os cidadãos comuns possam ser achincalhados em uma Delegacia de Polícia. E posso afirmar, sem erro, que isto pelo menos já aconteceu (há muito estou afastado das lides investigativas). Só afirmo: se alguém que pensa que "bandido tem de ser tratado como bandido" estiver algum dia, (ou um parente, um filho...), sujeito a um delegado de polícia, "sentado no piano", como policiais gostavam de dizer jocosamente (fugindo da seriedade, não sei se ainda dizem), vai entender que, quando se permite que autoridade trate um malfeitor arbitrariamente, essa autoridade estenderá esse mesmo tratamento a cidadãos trabalhadores que, por um motivo ou por outro, "escorreguem no tomate" - que é perfeitamente passível de acontecer.
Para não dizer que nada me agradou: um Deputado, cuja identidade, infelizmente, não guardei, mostrou fotos de vários hotéis a João Vaccari (em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília) e perguntou se os conhecia, se já se havia hospedado lá. Ante a respostas negativas, solicitou rapidez da Justiça Federal, para liberar imagens de ingresso e saída de pessoas nesses hotéis. Entendi que se João Vaccari aparecer em algum deles, todas as suas negativas estarão sob suspeita séria de inverdades. Uma Deputada também fez perguntas pertinentes, cujas respostas negativas poderão ser checadas, posteriormente, com informações que vierem a surgir.
Isto é investigar. O resto é disputa política e "oba-oba", que quer denegrir sem investigar.
E que transmite à opinião pública péssima ideia de civilidade. E ofertando ao PT argumentos - escandidos na mesma sessão da CPI - de que se busca incriminar o PT e que outros partidos com envolvimento não estão sequer sendo referidos ali.

PS.: Tenho encontrado dificuldades para fazer-me entender. Pode ser senilidade. Por via das dúvidas, explico-me: não sou PT, nem qualquer outro partido. Ocorre, apenas que, como escrevi lá em cima, "Hoje acordei tarde. E político."


Foto: Abobado.
https://abobado.wordpress.com/2014/04/06/esquemas-ardilosos-contra-a-cpi-da-petrobras/

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