15 de mai. de 2014

VACINAÇÃO

Em plena campanha de vacinação contra gripe, estando no segmento de idosos, vou ao posto de saúde e acompanho a fila de algumas pessoas que ali estão para o mesmo fim: crianças, adultos, idosos. Dentre as crianças, um garoto aparentando dez anos, ou um pouco menos, fazia o corajoso. E dizia para a irmanzinha, com entre três e quatro anos, que não doía, que era só uma picadinha... aquelas coisas que pais e mães fazem para engambelar filhos pequeninos, e que as crianças mais "experientes" passam para seus irmãozinhos. É verdade que não dói, mas acho que o que se passa com as crianças pequenininhas é uma espécie de medo do desconhecido. A menininha também se fez de corajosa mas chorou na hora do "vamos ver".
Lembrei-me de um dentista que tratou das minhas filhas mais velhas. Tenente PM Eolo Castilho, no Hospital da Polícia Militar, Belo Horizonte. São passados quase quarenta anos e ainda vejo a fisionomia calma e afetiva dele. Houve um caso em que achou que uma criança estava subnutrida. Pediu à mãe para autorizar que levasse a criança para casa, para cuidar dela e devolvê-la em melhores condições. Mas o que me encantava mais no Eolo era a forma como tratava as minhas filhas (ainda não havia, pelo menos oficialmente, odontopediatria). Penso que tratava todos os seus pacientes mirins da mesma forma. Assim que acabava o tratamento do dia, sentava-se à sua mesa, colocava a criança sentada de frente para ele e perguntava:

- De que sorvete você gosta?
- De coco (hipotéticamente).
O Eolo pegava o bloco de receitas e mandava lá: "Um sorvete de coco, com duas bolas, após o tratamento". Assinava e entregava para a criança. Que criança não se encantaria com ele?
Já há algum tempo, os tratamentos de crianças costumam contemplar a condição infantil, principalmente nas clínicas particulares.
No ano passado, tendo cochilado durante a vacinação gratuita, acabei indo ao laboratório de um médico amigo, para que fosse vacinado. Encontrei ali, na sala de vacinação, um aparato para entretenimento de crianças. Como ainda não ultrapassei a idade, aproveitei para brincar bastante. Em seguida, fui vacinado. E garanto que não chorei!

Nenhum comentário: