7 de mai. de 2014

"CONTRA O VOTO NULO": A VEJA INTERPRETOU DO NADA

Vejo, na Veja desta semana, em “Holofote”, o título “Contra o voto nulo”. Segundo o texto, “a cantora Daniela Mercury gravou um jingle para rádio e comerciais para televisão da campanha #vempraurna, do Tribunal Superior Eleitoral, que tem como objetivo evitar um recorde de votos nulos, brancos e abstenções nas eleições deste ano”.
Fui pesquisar a campanha. Encontrei duas, ambas do Superior Tribunal Eleitoral: uma contém exortação às mulheres para participarem da vida política, chamando a atenção para a disparidade entre o número das eleitoras, superior ao dos eleitores e com melhor nível de escolaridade, com o número das ocupantes de cargos eletivos, muito menor do que entre os homens; a outra – a da citada Daniela Mercury – a referência é ao fato de ser brasileiro, como mote “ser brasileiro é votar, mesmo estando fora do país".
Fui à fonte: o Superior Tribunal Eleitoral. Ali, encontrei que a campanha é dirigida a jovens com entre 16 e 17 anos, “com a intenção de lembrar a esses eleitores da importância do voto consciente”, como um contraponto ao chamamento “#vemprarua”. No texto de Mariana Jungmann, repórter da Agência Brasil, encontrei citação do Ministro Marco Aurélio Mello a respeito: “A vontade do povo é soberana, mas deve ser depositada nas urnas, e não incendiada nas lixeiras das ruas” (http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-03/tse-usa-hashtag-vempraurna-para-conclamar-jovens-votar-em-outubro).
Não consegui ler nem ouvir qualquer referência a “voto nulo” ou a “voto branco”, nem a “abstenções”. Pode ser que não tenha a acuidade necessária a ver em entrelinhas um objetivo que não está explícito no texto do TSE, como entendeu de publicar o Sr. Otávio Cabral, que assina o “Holofote”.
Acho, mesmo, que é função do TSE buscar a participação cidadã nas eleições. Mas não deve insinuar ou induzir o que o eleitor deve, objetivamente, fazer com seu voto. E não o fez. Votar conscientemente tanto pode ser votar em um candidato, como votar em branco, ou votar nulo.
Já que qualquer cidadão pode, o blogueiro também pode opinar, sem ofender a quem quer que seja. Como não acredito em solução com profundidade que possa vir de candidatos, prefiro discutir o “nulo”, o “branco” e “abstenção”. De abstenção, acho que é alheamento à vida política, ao interesse da cidadania. Pode ser um protesto, mas é omissivo. Não é objetivo, não diz qual é a natureza do protesto. Tanto pode ser quanto à má qualidade dos serviços governamentais, como à corrupção, como, simplesmente à obrigatoriedade de votar.

Quanto às duas outras alternativas, prefiro o “branco”. Vou deixar os motivos para a próxima publicação do cadikim político.

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