1 de dez. de 2013

UM PARTO DIFERENTE

FOTO: DRA. ANA MARIA
Minha mulher é ginecologista-obstetra. Muito mais ligações com o nascimento do que com a morte, portanto. Mostrou-me isto de um modo muito romântico, de um tempinho para cá. Rolinhas, que voejam nas proximidades de nossa casa, resolveram nidificar em uma janela que dá para a rua, diante de poucas árvores que existem nas redondezas e palmeiras que estão em um restaurante defronte. Não concordei. Primeiro porque piolho de pombos é uma coisa muito desagradável e difícil de combater. No mais, achei muito irresponsáveis os pombinhos, porque o ninho teria nenhuma proteção das intempéries e muito menos os filhotinhos que viessem a nascer estariam a salvo de ataques de gaviões que vejo, de vez em quando por ali, até com filhote no bico, de uma feita.
Minha mulher discordava, dizia que deixasse rolar, para ver no que dava. Dei um jeito e fui destruindo as construções pelo meio, até que se afastaram. Achei, mesmo, que o Paulim iria danar comigo.
Não sei se o mesmo casal, ou outro, começou a fazer ninho em outra janela, esta menos desprotegida, mas ainda exposta. Senti que minha mulher insistia em deixar que continuassem sua tarefa. Alguns dias depois, olha a rolinha chocando. Dois ovinhos. Tirei fotos, para postar quando nascessem filhotes.
Estou em Belo Horizonte, desde o dia 26 de novembro. A Ana ficou em Patos de Minas, com a promessa de vir encontrar-me hoje. Está a caminho. Mas antecipou: pela manhã mandou-me uma foto. Assistiu ao nascimento de um dos filhotes e fotografou. Praticamente, "fez o parto" e documentou.
Muito lindo, principalmente quanto à atitude dela no sentido de que o nascimento é importante e necessário e que a morte apenas uma conseqüência.

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