4 de jul. de 2013

CALDO DE GALINHA E PRUDÊNCIA: MUITA GENTE PRECISANDO.

Há um provérbio, cuja origem desconheço, que merece ser pensado sempre: "prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém".
Manifestantes depredaram cabines de pedágio e placas de sinalização em Cosmópolis (SP)
Ontem, durante um jornal televisivo, preocupei-me. Vi um quadro muito desagradável de violência em manifestações populares. Esse quadro foi visto, também, em permeio às manifestações populares urbanas. A gente sabe que muito bandido aflora, até em pessoas que não são profissionais da bandidagem, quando há tumulto. Em muitos casos, um acidente grave em rodovia enseja oportunidade a pessoas, que não se viam como malfeitores, de recolher bens de diversas naturezas, em ações manifestamente desonestas.
Os atos de violência contra bens públicos, quebrar e incendiar cabines de pedágio são atos nocivos à própria sociedade. Com o risco de causar desabastecimento, prejuízos grandes e de difícil e onerosa recuperação, etc.
Em verdade, em todas as situações, em um país civilizado, governo e sociedade deveriam estar de mãos dadas. Mas não estão.
Quem terá "soltado a mão"? Governo? Sociedade? Ambos?
Não sei. Mas sei de desmandos de governos (coisa muito antiga), com enormes desvios de dinheiro, que representam um "soltar a mão" da sociedade. Como em todos os lugares do mundo, quando os governantes distanciam-se da sociedade, o povo acaba cansando-se ou identificando um pretexto, ou para protestar pacificamente ou para protestar com violência. Em uma coisa, pelo menos, governantes distanciam-se de seus eleitores: opulência e riqueza, coisa que muitos não tinham antes de serem eleitos. Além disto, os próprios políticos estabelecem regras que favorecem o continuísmo.
Há muitos anos, durante o período da ditadura pós 1964, em uma palestra a que assisti, ouvi de um membro do corpo permanente da Escola Superior de Guerra, quando indagado sobre desvios do governo, a seguinte afirmação: "Quando um governo afasta-se dos objetivos nacionais permanentes, sobrevém a revolução".
Só o povo é violento?
Penso que não. O conceito de violência não abrange apenas os atos de agressão física. Infelizmente, temos visto muitas ações de governo que se enquadram nele. Acresce que o governo "tem a força" para esconder, dissimular essa violência.
O exemplo mais recente - não sendo o único, já falo na privataria tucana, para que não me venham dizer que é postura anti-PT - é o do mensalão.
Para falar que existiu mesmo e que aqueles condenados são culpados, ou que não existiu (como há gente afirmando) impõe-se conhecer os autos. De todos que pedem a cabeça dos condenados, e daqueles que querem poupá-las, suponho que ninguém, ou que muitíssimo poucos conheçam os autos. Mas assisti a várias sessões do julgamento da ação penal correspondente e ouvi de acusados a confirmação da prática de atos que são crimes. Além disto, o povo todo viu muita coisa estranha: cena de gente recebendo pacotes de dinheiro, sem que ninguém tivesse denunciado montagem das imagens; imagens idem daquilo que praticamente virou símbolo da corrupção: "dólares na cueca"; várias coisas mais. Vi emergir daquele furdunço a criação de um neologismo - "ativos não contabilizados" - substituindo a expressão "caixa 2". Não me contaram, não. Assisti pela tv o Delúbio Soares criando e explorando o "neologismo" que criou. No entanto, há condenados exercendo cargos no legislativo federal, protegidos por um princípio de não retroatividade - que, sendo legal, acho que merece respeito. Essa proteção, institucionalizada para proteger o cidadão, não escolhe entre bons e maus.
Ora, parece que o povo cansou-se. Pior, se todas aquelas manifestações e todas as depredações nas praças de pedágio foram orquestradas, é porque algum "maestro" encontrou terreno fértil para a orquestração. Esse terreno fértil não foi adubado pelos manifestantes, mas pelos governos - insisto: a coisa já vinha com erros há muito tempo, ou desde sempre, com intervalos de "pacificação".
Vai daí que é preciso algum tipo de atitude, de ambas as partes, para que toda manifestação, toda ação popular seja revestida de intenção pacífica, ordeira, sem perder intensidade e frequência. O furdunço só irá promover lucro para uns poucos. Como sempre.
"Prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém".

Foto: UOL Notícias.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/28/protesto-em-cosmopolis-sp-causa-destruicao-de-placas-e-cabines-de-pedagio.htm

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