17 de set. de 2012

REFAZENDO RACIOCÍNIOS E JULGAMENTO

Li, no Estado de Minas de 29 de agosto, na coluna de Eduardo Almeida Reis, uma  opinião, na forma de pergunta, que me pareceu coerente, à primeira vista: "Que lucra a espécie humana sabendo que Bolt corre 100 metros em menos de 10 segundos?". Fui ler a matéria e verifiquei que, após o período entre aspas, está: "Lucram os humanos com uma vacina Sabin e com a anunciada vacina contra a dengue, mas correr 100 metros em 9s63, vamos e venhamos...".
Embarquei nas afirmações do Sr. Eduardo, porque, como a Lei Pelé (Lei nº 9.615/98), entendo que a prioridade em aplicação das verbas do Ministério dos Esportes está em "desporto educacional" (art. 7º, inciso I). A aplicação em desporto de rendimento (inciso III) é restrita aos "...casos de participação de entidades nacionais de administração do desporto em competições, bem como as competições brasileiras dos desportos de criação nacional." O caso de aplicação em desporto de criação nacional deixou-me no ar, porque não encontrei conceituação dessa modalidade, no Capítulo III da Lei.
Pensando assim, achei que, de fato, um único atleta supersônico não melhora a qualidade de vida do povo de uma nação. Serve para envaidecer, como mote político... Mas não contribui para o desenvolvimento físico-esportivo-psicológico das pessoas. A aplicação de vultosas verbas no esporte de rendimento - verbas que saem de empresas públicas ou de economia mista, um artifício para emprego de recursos públicos, portanto - não servem a mobilizar a massa dos cidadãos brasileiros, no mundo dos esportes. O desporto educacional, tal como está descrito no referido Capítulo III, esse sim, é capaz de propiciar qualidade de vida para toda a coletividade estudantil. Benefício que pode ser complementado pelo desporto de participação, também contemplado na Lei Pelé.
Parei para pensar quando vi competições das paraolimpíadas - que se tornaram paralimpíadas, em novembro do ano passado, para igualar o nome ao uso de todos os outros países de língua portuguesa. Parei exatamente assistindo a algumas provas. Emocionei-me muito, vendo pessoas com membros amputados ou faltos, e outras limitações, disputando provas de natação, de corrida, basquete em cadeiras de roda, várias modalidades esportivas. Nem passo perto delas. Estão muito acima. 
Pensei, então, que, se não houvesse essa sede de glórias esportivas, cuja saciedade foi buscada, inicialmente, através dos "normais", não teríamos o produto similar, que são as paralimpíadas. Uma lacuna muito triste, nas ações de conquista ou recuperação do sentido da utilidade humana.
Concordo com que não está perfeito. Mas deixa do jeitim que tá, deixa!

Foto: TTV.
http://telinhadatv.wordpress.com/tag/paralimpiadas-2012/

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