24 de mai. de 2012

WANDER PORTO SILVEIRA DÁ O AR DE SUA GRAÇA

= = ANTÍDOTO= =

Ao Comini e seu Violão de Paz

Nas festas da primavera:
Aroma que nos abisma,
As cores emanam gorduras
Pelos ventos maléficos.
E o terror
Ativa pudores tísicos
Na tolice dos infantes;

Nas mesas do verão:
Luxúria que nos calcina.
As hóstias racham securas
Pelos lábios famélicos.               
E o terror
Promove suores crônicos
Na dádiva dos clementes;

Nas ruas do outono:
Conceito que nos deturpa.
As folhas semeiam carcomas
Pelos jardins apáticos.
E o terror
Alastra olhares fúnebres
No desejo dos amantes;

Nas casas do inverno:
Geada que nos devasta,
As telhas medram esfinges
Pelos sótãos solífugos.
E o terror
Agita tremores cárdicos
Na audácia dos valentes;

Ainda assim
O violão do homem,
Em estações incertas
E poesia clandestina,
Compõe árias de ida
E vivas ao desempenho
Do que a si se destina.


Brigado, Wandão!
Imagem: Blog de Juarez Morais Chaves
http://xiquexiquense.blogspot.com.br/2011/02/cantinho-do-seresteiro-musicas-cifradas.html 

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